Texto inspirado na leitura de “O mito do mau aluno e porque o Brasil pode ser o líder mundial de uma revolução educacional”, de Paulo Blikstein.

A Denilson Saturnino

O texto “O mito do mau aluno e porque o Brasil pode ser o líder mundial de uma revolução educacional” é apaixonante, impactante e inspirador. Ele é um texto capaz de “levantar defunto”. Afirmo isso porque há dois anos, eu quase pedi minha aposentadoria. Hoje, ao terminar de ler o referido texto, chorei copiosamente, questionando-me: e se eu tivesse me aposentado? Certamente não teria tido a oportunidade de ler e de conhecer os emocionantes relatos do professor Paulo Blikstein. É muito bom saber que as utopias educacionais são possíveis.

O ensino tecnológico, nos últimos anos, vem mudando sua característica, mas é preciso mudar mais ainda. É necessário que mais estudantes sejam alcançados. O número de Erik, Carlos e Jaíne deve ser multiplicado por números bem elevados. Essas experiências narradas pelo professor são esperadas sim no ensino tecnológico, mas com esse modelo de currículo, que é adotado pelas instituições, fica muito difícil construir saberes, realizar inovações, utilizar as tecnologias para promover uma mudança na educação. Pois os alunos, ao contrário do que fala o texto, deixam de ser autônomo e deixam de ser sujeitos de seus conhecimentos.

A escola defendida no texto é uma escola emancipatória, que cria possibilidades de estimular a criatividade, o potencial inovador e a autonomia dos alunos. Que desperta, nos alunos, o prazer de inovar não por que será atribuída uma nota, mas porque entendem que aquilo que estão produzindo é uma experiência profunda de aprendizado.

Para Blikstein, é preciso investir em pesquisa e inovação, em gente pensando novas formas de ensinar e de aprender. Apenas uma boa gestão não basta. Apenas talento também não. É preciso motivação, entusiasmo, determinação e professores apaixonados por aquilo que fazem. Os currículos escolares devem conter apenas o essencial para a aquisição e produção do conhecimento, pois numa sociedade onde a informação é acessível, listas de coisas inúteis não vão servir para a vida e muito menos para a inovação tecnológica.

O texto traz um título criativo e curioso. Uma vez li uma frase que dizia que o título é uma “isca”. Creio que todas as pessoas que leem o título “O mito do mau aluno” sentem vontade de ler, isto é, de “morder a isca”. Muitas vezes, o professor não percebe o potencial do aluno para uma determinada habilidade. Não descobre que por trás daquela falta de ânimo para realizar determinada tarefa, tem um aluno que deseja mostrar o seu potencial criador em outras habilidades. Cabe ao professor perceber e valorizar o talento, caso contrário, o estudante será visto como um mau aluno.

Para o professor Paulo Blikstein, o Brasil é, portanto, um país capaz de revolucionar a educação e dar um verdadeiro salto educacional, porque a escola do século XXI é criativa, fecunda, inovadora e autodeterminada. Ora, estas são as características do povo brasileiro! Então temos “a faca e o queijo nas mãos”. Como já foi dito no início deste texto, as utopias são passíveis de realização. Assim afirma o professor Paulo: “Criaremos uma geração de milhões de crianças apaixonadas pela escola e pelo mundo do conhecimento, que serão experts em aprender coisas novas – e saberão que o aprender não termina na escola. Será uma geração que não terá medo de problemas novos, que não aceitará o mundo como ele é, que estará sempre tentando melhorá-lo”.

Então, como afirma o saudoso educador, Rubem Alves, em sua crônica “Gaiolas e Asas”: há esperanças para a educação!