Texto produzido pelo meu “discípulo fiel” Denilson Saturnino, em 2005, quando era aluno do então CEFET-AM na EMD21. O texto foi vencedor do Concurso Literário da Semana Cultural daquele ano.

São 11:35h, está quase na hora, mais cinco minutos e começa a jornada não nas estrelas, mas no sol quente. Toca o sinal para muitos, é o aviso de que é chegada a hora de mais uma batalha.

Todos se dirigem à saída, alguns para pegar a carona do papai, outros para o ponto de encontro do brasileiro, local de rivalidade, e ao seu redor os oponentes. São 12:00h, já é possível perceber o estado dos ônibus que piora a cada minuto.

Começa a expectativa. Ao longe surge um com a numeração meio confusa, contudo parecida com a esperada e os atletas se posicionam esperando a largada. Até a vovó arma a carteira de identidade empurrando a multidão. Alarme falso, não era! Então alguém grita: – O buzão parou lá atrás!

Foi dada a largada e os corredores com o pique olímpico disparam para a entrada. A situação não é das melhores, o motorista quer partir, no entanto, um está pendurado na porta, até que um anjo bem-disposto dá um empurrãozinho e o último entra ficando com seu rosto colado ao vidro.

Dentro do ônibus todo mundo é igual, a união e o calor humano estão presentes, até demais. De repente a vovó quebra a sua bengala na cabeça do homem. Motivo da briga? O assento reservado.

O homem perguntou:

– Quantos anos a senhora tem? E ela respondeu:

– 83.

Ironicamente o homem fala:

– Já sentou demais − então a bengala partiu na cabeça do homem quase quebrando o vidro do ônibus.

O motorista freia inesperadamente, quase todos vão ao chão, e diz: “Meu ônibus”, ameaçando expulsar os dois. A discussão para e os passageiros aplaudem. Não dá nem pra coçar o pé ou perde-se o lugar.

O ônibus parou, todos se espremem para sair, o motorista abre as portas e o cara grita:

– Motora, teu salário não vai aumentar entrando mais gente!

E mais apertado do que antes o buzão segue. A elegante senhora sentada, não para de cheirar a mão que a todo instante é molhada no perfume e à sua frente um negão em pé com os braços estendidos no corrimão.

É chegada a hora de descer, mais uma vez todos se espremem, mas desta vez é um número maior que quer descer ao mesmo tempo na parada do início do bairro. O motorista dá a partida e alguém grita:

– Peraí, motora, uma baleia encalhou!

A mulher responde:

– Baleia é a mãe!

Com uma ação conjunta a mulher é desentala e finalmente se respira o ar do lado de fora. A jornada do dia chega ao seu fim.

Comboio do inferno, buzão, enlatado, stresso… Denominado de várias formas, o ônibus lotado promove a união entre os homens e filosoficamente é que nem a universidade: primeiro você torce pra entrar, depois torce pra sair.

São 11h35min, está quase na hora, mais cinco minutos e começa a jornada não nas estrelas, mas no sol quente. Toca o sinal para muitos, é o aviso de que é chegada a hora de mais uma batalha.

Todos se dirigem à saída, alguns para pegar a carona do papai, outros para o ponto de encontro do brasileiro, local de rivalidade, e ao seu redor os oponentes. São 12:00h, já é possível perceber o estado dos ônibus que piora a cada minuto.

Começa a expectativa. Ao longe surge um com a numeração meio confusa, contudo parecida com a esperada e os atletas se posicionam esperando a largada. Até a vovó arma a carteira de identidade empurrando a multidão. Alarme falso, não era! Então alguém grita: – O buzão parou lá atrás!

Foi dada a largada e os corredores com o pique olímpico disparam para a entrada. A situação não é das melhores, o motorista quer partir, no entanto, um está pendurado na porta, até que um anjo bem-disposto dá um empurrãozinho e o último entra ficando com seu rosto colado ao vidro.

Dentro do ônibus todo mundo é igual, a união e o calor humano estão presentes, até demais. De repente a vovó quebra a sua bengala na cabeça do homem. Motivo da briga? O assento reservado.

O homem perguntou:

– Quantos anos a senhora tem? E ela respondeu:

– 83.

Ironicamente o homem fala:

– Já sentou demais − então a bengala partiu na cabeça do homem quase quebrando o vidro do ônibus.

O motorista freia inesperadamente, quase todos vão ao chão, e diz: “Meu ônibus”, ameaçando expulsar os dois. A discussão para e os passageiros aplaudem. Não dá nem pra coçar o pé ou perde-se o lugar.

O ônibus parou, todos se espremem para sair, o motorista abre as portas e o cara grita:

– Motora, teu salário não vai aumentar entrando mais gente!

E mais apertado do que antes o buzão segue. A elegante senhora sentada, não para de cheirar a mão que a todo instante é molhada no perfume e à sua frente um negão em pé com os braços estendidos no corrimão.

É chegada a hora de descer, mais uma vez todos se espremem, mas desta vez é um número maior que quer descer ao mesmo tempo na parada do início do bairro. O motorista dá a partida e alguém grita:

– Peraí, motora, uma baleia encalhou!

A mulher responde:

– Baleia é a mãe!

Com uma ação conjunta a mulher é desentala e finalmente se respira o ar do lado de fora. A jornada do dia chega ao seu fim.

Comboio do inferno, buzão, enlatado, stresso… Denominado de várias formas, o ônibus lotado promove a união entre os homens e filosoficamente é que nem a universidade: primeiro você torce pra entrar, depois torce pra sair.